Inscrição datada de 1485 por Diogo Cão, perto
das cascatas de Lelala, perto de Matadi : "Aqui
chegaram os navios do esclarecido rei D.João II
de Portugal - Diogo Cão, Pero Anes, Pero da
Costa."
Ruínas do catedral de Mbanza Kongo antes da
sua restauração
Ruínas do catedral de Mbanza Kongo após da
sua restauração
Projecto KONGOKING
|Descricão sumária| Objectivos do projecto|Investigações arqueológicas|
Descricão sumária do projecto em termos gerais
O antigo reino do Kongo teve um lugar de grande notoriedade em África e no mundo. A partir do fim do século XV, a sua história e a dos reinos vizinhos (Mbundu, Loango, Kakongo, Ngoyo e Teke) é mais conhecida do que a de muitas outras regiões de África graças aos textos dos primeiros exploradores e missionários europeus. Antes da chegada destes, contudo, pouco era conhecido. Para reconstruir a génese e a história antiga destes reinos famosos é necessário, na ausência de textos, recorrer à arqueologia e à linguística histórica.Não obstante as suas diferenças, estes reinos emergiram de um fundo cultural comum. Aqueles que os povoaram falavam todos línguas banto e as suas instituições políticas, sociais e religiosas evidenciam numerosas similitudes. A história de cada um destes reinos não pode pois ser estudada de forma isolada, o que é deveras interessante do ponto de vista teórico dado que tal ilustra bem uma situação de unidade no seio da diversidade, como é ainda o caso de muitos estados actuais.
Paradoxalmente, se a região do reino do Kongo é a mais bem documentada da África central do ponto de vista histórico e etnográfico, ela é praticamente desconhecida no plano arqueológico. É por esta razão que a nossa equipa de investigação visa empreender a escavação sistemática de várias antigas capitais do reino, tanto em Angola como na República Democrática do Congo, e também, sem dúvida, na República Popular do Congo e no Gabão, país no qual nós temos já uma longa experiência de pesquisa arqueológica. Da mesma forma, nenhum estudo aprofundado em linguística histórica visou o conjunto das línguas faladas na área do antigo reino do Kongo e dos reinos a ele estreitamente aparentados. A documentação escrita mais antiga do domínio banto provém, contudo, desta região. Ela remonta aos princípios do século XVI e pode ser explorada. A nossa equipa de investigação efectuará um estudo histórico-comparativo do continuum dialectal kikongo e línguas vizinhas, tais como o kimbundu, o umbundu, o téké e o punu-shira, comparando os dados linguísticos recentes com os provenientes de documentos antigos. Uma atenção particular será dedicada ao vocabulário cultural relativo à política, à religião, à organização social, ao comércio e aos ofícios como a metalurgia e a olaria. Aliados às descobertas arqueológicas, estes estudos linguísticos permitirão lançar uma nova luz sobre as origens e desenvolvimento do reino do Kongo. Graças ao nosso conhecimento aprofundado da história da região a partir do século XVI, será igualmente possível examinar a forma como a centralização política e a integração económica influenciaram a evolução linguística e ainda a forma como estes processos macro-históricos se reflectiram nos dados arqueológicos. Do ponto de vista metodológico, a nossa abordagem permitirá testar as correlações entre os dados arqueológicos, históricos, linguísticos e etnográficos e será, portanto, a forma de desenvolver a abordagem interdisciplinar no estudo da história antiga desta região e doutras de África.
|Descricão sumária| Objectivos do projecto|Investigações arqueológicas|