Projecto KONGOKING

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Descrição sumária das investigações arqueológicas projectadas

As investigações arqueológicas da nossa equipa concentrar-se-ão na escavação dos lugares das antigas capitais ou Mbanza. O sítio de referência é, sem qualquer dúvida, a capital de Mbanza Kongo em Angola. O seu potencial arqueológico é importante e escavações sistemáticas são recomendados com vista à inscrição daquele lugar na Lista do Património Mundial da UNESCO.

As autoridades angolanas, tal como os historiadores e os arqueólogos locais, estão convencidos da necessidade de pesquisas arqueológicas aprofundadas. Serão também visadas várias antigas capitais provinciais em Angola e na República Democrática do Congo, nomeadamente Mbanza Mbata e Mbanza Nsundi. Convém sublinhar que a pesquisa arqueológica sobre estes lugares é também muito importante para a preservação deste património frágil e ameaçado. Estão previstos cerca de oito meses de trabalhos arqueológicos repartidos por quatro estações. A nossa investigação começará por uma prospecção de cerca de dois meses durante o primeiro ano do projecto. Esta fase exploratória é necessária uma vez que a maior parte dos lugares-alvo não são bem conhecidos do ponto de vista arqueológico. Nós visamos fazer, em primeiro lugar, a prospecção dos sítios já conhecidos de Mbanza Mbata (RDC), Mbanza Nsundi (RDC),

Mbanza Soyo (Angola) e Mbanza Kongo (Angola) e procurar novos lugares interessantes nas proximidades destes meios urbanos, o que poderá esclarecer a forma como estes aglomerados interagiam com as zonas rurais circundantes. Neste estádio da pesquisa faremos levantamentos geofísicos e geoinformáticos assim como sondagens, a fim de poder estimar a extensão dos lugares e de empreender uma primeira cartografia sistemática. Esta primeira prospecção permitirá detectar as estruturas encobertas e, portanto, determinar as zonas prioritárias a proteger e a escavar.

Prevemos três campanhas de escavação intensiva de cerca de dois meses cada. Os objectivos principais das escavações são o estabelecimento de uma sequência crono-estratigráfica fiável para os dois últimos milénios, o estudo das estruturas ainda detectáveis e a análise dos artefactos correspondentes aos diferentes períodos de ocupação. A análise da cerâmica e do equipamento funerário deverá permitir esclarecer a evolução destas sociedades, as suas trocas comerciais e culturais e o seu grau de integração. É esta a razão porque as pesquisas não se devem limitar a Mbanza Kongo.

As sondagens servirão para a reconstrução da cronologia e as escavações horizontais serão realizadas a fim de poder estudar a actividade humana num contexto urbano e de poder descobrir as estruturas mais espectaculares com vista à sua conservação e eventual classificação. Uma atenção particular será dedicada à localização e à datação da mais antiga ocupação. No que respeita às origens do reino do Kongo, prevemos igualmente escavações orientadas na zona cuprífera do Baixo-Congo, entre o Congo-Kinshasa e o Congo-Brazzaville.

Estes trabalhos irão revelar numerosos vestígios arquitectónicos, e também artefactos, como olaria, utensílios em metal, adornos e ainda objectos importados da Europa. Uma atenção particular será acordada aos vestígios antracolíticos, arqueobotânicos e zooarqueológicos.

Esperamos poder levar a cabo estas pesquisas em estreita colaboração com as autoridades competentes em Angola, na RDC e ainda no Congo-Brazzaville e no Gabão. Pretendemos também associar investigadores de universidades e museus nacionais e locais cujos conhecimentos e assistência serão indispensáveis para devolver às brilhantes civilizações que floresceram em África o lugar que lhes é devido na história universal.

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